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Amanita muscaria

Impressões de um Boticário de Província

Desde 2003


sexta-feira, 31 de outubro de 2003

Chego a quinta feira com as pilhas quase no limiar mínimo.
Como aguentarei a sexta?
A idade pesa cada vez mais. Tenho que fazer exercício físico. Ou trabalhar menos.

Peliteiro,   às  00:35
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Devo estar para receber as minhas batas novas, desenhadas pelos estilistas José Manuel Gonçalves e Manuel Alves.
Diz-me a menina que vou ficar muito elegante, very fashion.
Um sucesso!
A seguir vou-me candidatar a "pivot" da Famácia TV, na "a dois".
Já me estou a imaginar a entrevistar o Secretário de Estado da Saúde:
- Afinal sabe ou não sabe quanto se gasta em medicamentos nos Hospitais e Centros de Saúde deste país?
- E tem alguma estimativa credível da quantidade de medicamentos que aí são "desviados" para fins menos claros? Vá; não me minta!
- Explique-me porque é que as pílulas anticonceptivas são dadas "à borla e à balda" nos centros de saúde, de preferência às amiguinhas... São compradas em concurso por preços mais baixos? Então os seus serviços admitem que um fornecedor faça preços diferentes para o mesmo produto? Anjinhos!...
- E já agora, confirme-me que é verdade haver no Porto uma negociata em que nebulizadores, a custarem 60 euros, estão a ser emprestados a doentes, por tempo ilimitado, sem termo de responsabilidade pela manutenção, e distribuídos por uma única casa de ortopedia? Nebulizadores; ortopedia?
- E para além das poupanças com os genéricos, onde mais é que se diminuiram custos com a saúde? Ai é difícil?
- Tá bem...

Peliteiro,   às  00:33
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Tempestade 

Gosto de tempestades.
Uma tempestade de raios sobre o mar é um dos espectáculos mais formidáveis a que se pode assistir. Aprende-se na tropa que um cigarro aceso pode ser visto pelo inimigo - e servir como alvo - a vários Km. Agora imagine-se uma descarga eléctrica de grande potência, ou melhor muitas, numa amplitude de várias milhas. Os raios entrecruzam-se numa sucessão assustadora, recortando o horizonte negro como breu, fazendo-nos sentir minúsculos e frágeis.
Hoje está uma tempestade de vento. Vento de mar. As janelas e portadas oscilam de tal forma que parece que se vão soltar e entrar pela casa dentro. E ouve-se o assobiar do vento, tenebroso.
Hoje não há barcos no mar e a rua está fantasmagórica.
As ondas estendem-se pelo areal, espumosas, empurradas pela ventania.
Um cenário perfeito para uma noite de crime. Vou escrever um conto policial, na senda do "Cão dos Baskervilles".

Peliteiro,   às  00:22
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Já tenho hotel em Madrid no fim de semana de 9 de Dezembro.
Agora faltam os bilhetes para ver o FCP a ganhar ao Real.

Peliteiro,   às  00:15
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quinta-feira, 30 de outubro de 2003

Um dos momentos mais difíceis da actividade farmacêutica é recusar uma venda.
Nas farmácias pratica-se, frequentemente, um acção que é completamente contrária às regras do mercado: recusam-se vendas.
E isso custa-me. Não, não é por causa do dinheiro que se deixa de ganhar (bom, isso também me custa, claro). É, sobretudo, porque as pessoas, imbuídas de um espírito capitalista, não compreendem que é, essencialmente, para bem delas. Às vezes tornam-se mesmo agressivas ou no mínimo agrestes.

- Portanto, queria um creme hidratante, um emoliente, um anti-rugas, uma aspirina, portanto, um champô, e um Klacid 500...
- Um Klacid? E a receita?
- Ha, foi o que o médico me receitou da última vez...
- Pois é, mas vai ter que lho receitar outra vez...

- Ó pá (o pá é característico de indivíduos que andaram lá pelo MES, nos idos das amplas liberdades), diz o toxicopendente, da porta, com voz grossa, para ver se assusta, tens "Sirenal"?
- Vai chamar pá ó... à tua mãe, digo eu ainda com voz mais grossa.
- Quando estiveres de urgência á noite, vou partir esta porta toda...
- Vai lá vai...

- Se faz favor queria um "Coloraucil" colírio para o meu bébé.
- Mas...
- Não me diga que não me vende, tem medo? Neste país é só incompetentes, se calhar nem sabe o que é. É isso? Olhe que eu tenho uma tia enfermeira e o pai da minha sogra tinha uma farmácia, sei bem o que estou a fazer.
- Mas...
Além disso quando ele nasceu puseram nos olhos de todas as criancinhas da enfermaria, a eito, portanto não pode ser uma coisa assim tão esquisita. Não vende, não faz mal vou a outra, nunca mais venho aqui!
- Mas...

- Quero uma "pírula" do dia depois. É para uma amiga minha...
- Ha, vai usar pela primeira vez?
- Não, já usei umas quatro vezes.
- E porque não vai - a sua amiga - à maternidade, que tem uma consulta...
- Ela não tem tempo, está em exames! E já está habituada.
- Muito bem, mas repare que...
- Ai sermões a esta hora...

- Ora bem, tenho uma amiga que emagreceu 20 Kg em duas semanas com estes comprimidos. Tem?
- Tenho, mas a sua amiga tomou isso porquê?
- Isso não sei nem interessa, mas se emagrece também quero, parece que lho receitaram no Magalhães "de" Lemos.
- Olhe que esse medicamento não foi feito para isso, é muito complexo, necessita de acompanhamento, é um medicamento novo...
- Quero lá saber disso, tenho um casamento no Sábado e o vestido não me serve!

- Tenho a minha filha doente e o pediatra não pode atender, tem o consultório cheio e disse para lhe dar "Omentim".
- Será Augmentin? Qual deles? Que dose? Em que horário?
- Sei lá, ligue-lhe se quiser, senão dê-me um qualquer que eu depois leio o papelinho.

- Ó Chefe, já que não me vende "Sirenal" venda-me um botijinha de gás.
- Aqui não há chefes, nem botijinhas, vai lá vai.

- Tenho aqui um "obessesso" e quero um "Moca-dente".
- "Moca-dente". Não conheço, desculpe, porque não vai ao seu dentista?
- Sempre que lá vou dá-me o "Moca-dente", para que é que lá vou largar 50 "ouros"?
- Será Moxadent?

- Eu é que trato as minhas doenças, comprei uma enciclopédia de saúde e nunca mais dei dinheiro a ganhar nem aos médicos nem aos farmacêuticos, tudo com produtos naturais. Mas agora precisava de uns "Briágas", vou a Cuba com uns amigos...
- Não será melhor comprar antes uns preservativos?
- Não, não uso disso...

- Ó "sinhôr", está a ver, fui ali ao Hospital e trago uma receita de "Dormecum", este tem não tem?
- Tenho... Aqui está. Ó homem não pode tomar três de uma só vez, isso é muito forte...
- Três? Vou tomá-los todos! Nem preciso de água, são só 14!

- Ó doutor, estou outra vez com uma "candidinha", dê-me aqueles "ovos" para enfiar à noite...

Peliteiro,   às  00:09
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Ooops, a Académica perdeu...
Uns mal educados os Benfiquistas, vêm à inauguração da nossa casa e não se deixam perder...

Peliteiro,   às  00:00
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terça-feira, 28 de outubro de 2003

Só entrei numa sala de audiências de um tribunal uma vez. E foi como testemunha de um processo trivial.
Mas intimida, e a voz torna-se trémula.
E não era nenhum jovem; nem tinha um pelotão de jornalistas, fotógrafos, operadores de câmaras e curiosos à porta; nem tinha visto o meu nome - ainda que oculto - em inúmeras reportagens; nem tinha no meu encalço polícias, psiquiatras, psicólogos e assistentes sociais; nem enfrentava os melhores advogados; nem tinha recebido ameaças de morte; nem o caso afectaria a minha vida para sempre.
Se fosse, não sei se lá iria.
Contudo, se tivesse coragem para lá ir uma vez e logo a seguir me mandassem para casa, por muito que me explicassem que este era o normal curso do processo, não sei se lá voltaria ou se pensaria que a lei estava muito mal feita e aplicada.

Peliteiro,   às  23:47
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AAC 


Amanhã é inaugurado o estádio da Briosa. O mais bonito do país e o melhor enquadrado com a sua envolvente urbana.
Por acaso sou contra a construção de estádios novos em Portugal à custa de dinheiros públicos. Mas já que teve que ser, há que aproveitar.
Espero que os futricas do SLB sejam claramente cilindrados e humilhados. A Académica merece e eles também.

Peliteiro,   às  23:28
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segunda-feira, 27 de outubro de 2003

Há 20 anos que leio o "Expresso". Poucas terão sido as edições que falhei ao longo de todo este tempo. Passo os olhos no jornal todo, mesmo o imobiliário e o emprego e os suplementos, tudo. Mesmo quando faço férias "lá fora" peço para me comprarem o jornal, para quando chegar o poder ler.
E gosto de o ler porque para além de se fazer um resumo do que de mais importante se passou na semana, alguns comentários, análises e opiniões ordenam ideias que por falta de tempo, de dados ou de perspicácia me escapam.

É exemplo o texto do jornalista José António Lima, no "O que eles dizem" desta semana, sobre as escutas telefónicas, onde se faz uma dedução lógica irrefutável:
"Quer isto, então, significar que o PS não está contra as escutas telefónicas em geral, mas contra estas em particular."

Em entrevista de hoje o nosso Presidente, Jorge Sampaio, considera que a Assembleia da República e o Governo devem avançar com alterações ao regime das escutas.
Quer isto, então, significar que o P.R. não está contra as escutas telefónicas em geral mas contra estas em particular?

Peliteiro,   às  23:46
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Uma destes noites passou na TV a notícia de que o relatório final do caso das mortes de crianças, no Hospital de Guimarães, devido a infecção por adenovírus, estava completo e tinha sido enviado ao Ministério da Saúde que o remeteu, de imediato, para a Procuradoria. Qualquer coisa assim. Eu estava, precisamente a escrever sobre a irritante incompetência de alguns muitos funcionários públicos.

Atravessou-me um pensamento.

Antes de enunciar este pensamento, quero sublinhar bem que este pensamento não tem uma origem narcisista ou egocêntrica. Até porque o caso é grave e sério. Eu entro nele porque corresponde a um caso concreto que conheço bem, mas o actor principal desse pensamento podia ser um outro qualquer Manuel ou Joaquim. O que interessa é a moral da história: como quantificar os prejuízos causados por um sistema absurdo - o da função pública - que não premeia o mérito e pactua com a incompetência e o laxismo?

Eu trabalhei no Hospital de Guimarães. Fui técnico superior de Saúde. Fiz lá a especialidade em análises clínicas e trabalhei lá como microbiologista e imunologista laboratorial.
Entretanto resolvi abandonar esta carreira e aventurar-me no mundo da iniciativa privada. Fiz um MBA em gestão avançada, e nunca mais entrei num laboratório. Com muita pena minha, já que sou por natureza um "bicho" de laboratório.
Saí por falta de perspectivas de evolução profissional e por estar farto de aturar aquela gentinha.

Mas, quem sabe, se tivesse ficado no Hospital - e em vez de fazer um MBA tivesse feito uma pós-graduação em virulogia, tivesse implementado uma secção de virulogia em cooperação com outros hospitais minhotos, se fizesse parte da comissão de infecções nosocomiais e da comissão de higiene - não se teriam salvo as crianças, que hoje dormiriam calmamente junto dos seus pais?
Quem sabe?

Peliteiro,   às  23:26
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sábado, 25 de outubro de 2003

RH 

A CGTP organizou, esta semana, um seminário sobre política de recursos humanos em Portugal.
Lá apareceu o Dr. Carvalho da Silva - o sindicalista de Viatodos - nos noticiários a falar sobre a importância dos recursos humanos na produtividade e na economia do país.
E toda a gente sabe que o maior activo de uma empresa são os homens que lá trabalham, que uma equipa motivada vale mais que uma tesouraria recheada, e não sei o que mais.
Coisas que os administradores dizem nas reuniões de quadros, que se ouvem nas aulas de MBA, nas conferências de ex-ministros e nas festas de Natal das empresas. Mas não passa disso!
Já agora:

Peliteiro,   às  00:36
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sexta-feira, 24 de outubro de 2003

Hohe continuou a saga dos serviços públicos.
De manhã, lá fui ao organismo onde tenho um processo em "andamento". O atendimento fechava às 11:30H, eram 11:35H. Voltei de tarde.
Atendeu-me uma senhora simpática que me disse logo de entrada: o que a minha colega lhe disse não me interessa, mostre-me o processo.
Ai a minha vida a andar para trás. Então cada funcionário sua regra? Parecem os juízes da relação (como pode a Justiça funcionar bem se os juízes e procuradores são uma espécie de funcionários públicos?)
Quando saí tinha um polícia a rondar a minha viatura (os polícias são, também uma espécie de funcionários públicos...) estacionada num parque de táxis completamente vazia, sem incomodar ninguém. Mostre lá os documentos, diz ele, com cara de mau. Pensava ele, concerteza, que eu me ia ajoelhar e implorar misericórdia. Eu dei-lhos, entrei no carro, sentei-me, liguei o rádio e pus-me a ouvir música. Esta atitude insolente irritou-o profundamente. Escrevia com tal fúria que quase rasgava o papelucho. Se demorasse mais uns minutos o carro era rebocado, sendo assim são 60 euros, diz ele. Muito obrigadinho, atá um dia destes, digo eu. A minha estratégia deu certo, com a ânsia de me multar, o malandreco esqueceu-se de ver que a inspecção periódica estava em atraso 3 meses - 250 euros (para a semana tenho que arranjar tempo), que o selo do seguro não era deste ano nem do ano passado - 50 euros (os actuais andam lá no meio da papelada), os pneus já deviam ter sido mudados há meses - 200 euros ( para a semana, sem falta, já chegou a chuva!). Incompetente.

Enfim, mas não era sobre nada disto que eu queria escrever.

O que me impressionou foi o facto de no átrio de entrada do tal organismo público, de manhã, estar um homem inanimado no meio do chão. Dezenas de pessoas passavam indiferentes. Disse a uma das minhas já conhecidas recepcionistas: está na entrada um homem deitado no chão. E ela: está está.
De tarde o homem estava no mesmo sítio, e disse o mesmo à recepcionista. E ela: está está.
Um homem, não sei se vivo ou morto, esteve inanimado no átrio de entrada de uma importante delegação regional de um organismo público durante um dia inteiro, e ninguém fez nada.
Se calhar é costume. Mas é inconcebível.
Ironicamente junto do homem que jazia no chão estava afixado um grande cartaz, com traduções em várias línguas, que dizia:
"PORTUGAL ACOLHE"

Peliteiro,   às  23:58
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quinta-feira, 23 de outubro de 2003

Hoje de manhã tive que ir à sede regional de um organismo público. Tenho lá um processo em "andamento" há mais de três meses.
Ai coitados dos funcionários que lá trabalham! Ai que desgraçadinhos, aquilo deve andar toda a gente encharcadinha em benzodiazepinas e antidepressivos. Até dá pena...
Na entrada o porteiro mandou-me para o 1º andar. Subi umas escadas escuras e sujas, pejadas de beatas caídas lá de cima. No átrio estavam, numa secretária, duas mulheres a olhar para o nunca; numa saleta contígua, dois homens conversavam sobre futebol. Dirigi-me às senhoras - não me atrevi a interromper a conversa futebolística. Lá expus as minhas pretensões e uma delas puxou de uma fotocópia (de uma fotocópia de fotocópia) em A4, escreveu o meu nome e a secção a que eu me deveria dirigir; a outra sacou, de uma gaveta, um mapa enorme com uns quadradinhos minúsculos e fez umas cruzes.
Espere aí.
Uma delas agarra no telefone e a outra passa a olhar de novo para nunca. A D. Manuela não está no gabinete, diz a do telefone; a outra nem pestaneja. A D. Otília deve estar em formação; a outra nem pestaneja. A D. Teresa tem a linha ocupada; a outra nem pestaneja. Estou, D. Gracinha, está aqui um senhor que assim e assim e assado e que diz que isto já dura desde Junho, e tal e tal.
Espere aí mais um bocadinho.
O meu carro estava mal estacionado, o ar estava saturado e cheirava a Aspergillus, as paredes sem pintura, os móveis esmurrados, o furador colado com fita-cola, as esterográficas "Bic" atadas com um atilho, uma lista telefónica de 98, uns cartazes colados nos vidros do tempo dos papiros do Egipto antigo. As duas olhavam agora para o nunca; os dois homens, aparentemente sem funções, com uns códigos em cima da secretária, diziam que o Mourinho isto e o Pinto da Costa aquilo, não não, ele vai, vai vai, se fosse o Deco...
Parecia um filme do Fassbinder.
E lá estava eu e mais uns quantos, a fingir que não olhávamos uns para os outros, a tentar adivinhar o que cada um de nós lá faria. Quando entra mais um "utente", ficamos todos quietos, calados e arrebitámos a orelha para ouvir a conversinha. Eu quero saber se tenho dereito, os meus dereitos, não posso ficar sem os meus dereitos - ninguém perguntou pelos deveres, nos longos minutos que lá fiquei. Curioso.
Entretanto levantei-me da cadeira de tábua dura, já com cãibras nos glúteos. Comecei a caminhar de um lado para o outro, que nem um tigre de Bengala enjaulado, batendo com os tacões dos meus sapatos e o peso dos meus quase 90 Kg nas lajes puídas da sala. Volta e meia expelia um jaculação de ar pelas narinas, como um touro na arena.
Estou, D. Gracinha, por acaso não se esqueceu do senhor do processo xpto? Não? Pronto, ele espera.
Ai valha-me Deus!
Passa o grupo da formação, são muitos. Olá Emilinha, foste ao cabeleireiro, fica-te bem, é castanho acobreado? Não? Castanho caju? Ha, castanho mogno, sim sim, devias fazer umas madeixas em vermelho fogo, está na moda...
Enfim, lá fui chamado ao gabinete da D. Gracinha. Um gabinete enorme e vazio, repleto de arquivadores de argolas, com um rádio "Oscar" ligado na RR, igual ao que eu tinha quando andava no Liceu.
Dei-lhe a fotocópia da fotocópia que me deram na entrada e a D. Gracinha nem olhou para ela, atirou-a com ganas para o caixote do lixo, cheio de fotocópias de fotocópias.
Era uma mulher magríssima, fumadora compulsiva, aspirava o fumo como se fosse o último fôlego, a pele tisnada, agitadíssima. Ó D. Filomêna ligue-me para o Artur e pergunte-lhe pelos documentos que eu lhe pedi. Estou estou, agora não posso. Ó D. Filomêna ligue-me para este número: 223253257 e diga para me mandarem o fax. Repita o número D. Gracinha, mais devagar D. Gracinha. Aponte o número mulher, já o disse 3 vezes, tenho mais que fazer, e preciso de ir à casa de banho, olhe vá-me buscar um café curto. Estou estou, agora não posso! Catrapumba, o telefone no descanso.
Olhe, diz ela, este cabeçalho está errado, a fundamentação está incompleta, assim isto não passa. Quem lhe fez isto? Venha cá amanhã, eu não lhe expliquei tim tim por tim? Não leu a norma? É sempre a mesma coisa... O meu café D. Filomêna? Ligue-me ao Custódio.
E lá saí eu de mansinho, aliás já nem existia naquele gabinete, era apenas uma sombra, diminuído pelas tarefas dificílimas daqueles heróis da causa pública que ali trabalhavam em condições que faziam perigar a sua saúde física e mental. Bem o sei eu, que sou dos poucos lorpas que conheço que já foi funcionário público e deixou de o ser.

Peliteiro,   às  23:49
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quarta-feira, 22 de outubro de 2003

Se é preciso aumentar a competitividade da nossa força de trabalho, também a concorrência faz falta a muitos empresários.
Não a concorrência desenfreada e a dos golpes baixos e desonestos, mas antes aquela que seleciona os melhores e purga os incompetentes.
Um exemplo que me irrita:
A estação da Galp na entrada da IC1, no Porto, tem o pior serviço, no ramo, que conheço: nunca há água, o ar dos pneus está sempre furado, os empregados são brutos que nem uma porta (há uma excepção), têm mau aspecto, mal ataviados, muitas vezes o MB está avariado e tem que se fazer pré-pagamento, a entrada é mal iluminada e manhosa, etc, etc.
Já tive inumeras situações em que jurei que nunca mais lá ia. A última foi hoje á noite: pedi uma factura com o gasóleo e uma barra de chocolate. O empregado estava a ver o jogo do FCP, incomodadíssimo por ter clientes a atender, entrega-me a factura só com o gasóleo. Reclamei e diz ele: o chocolate não entra em despesas... Mas ouça lá - digo eu - o senhor é contabilista ou gasolineiro? Ai que nervos!!!
A situação piorou ainda, desde que fechou a estação de Francos. Agora quem vem para Norte ou abastece lá, ou então só em Viana (parece-me, pelo menos até Esposende tenho a certeza).
Mas, mas, mas agora estão a construir uma nova estação ali por Vila do Conde. Quero ver se não melhoram a qualidade de serviço...

Peliteiro,   às  23:24
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segunda-feira, 20 de outubro de 2003

Boa ideia a legalização dos imigrantes Brasileiros.
Os Brasileiros deviam ter prioridade na entrada em Portugal. Têm a vantagem da língua, tem uma cultura e um modo de vida parecida com a nossa, adaptam-se rapidamente, e muitos são descendentes de Portugueses, o que lhes dá uma proximidade enorme.
E a imigração, desde que regulada e planeada, é útil ao país. É preciso introduzir competitividade na nossa força de trabalho.

Peliteiro,   às  23:18
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O Dia da Defesa Nacional, do Dr. Portas, é uma manifestação bolorenta, completamente deslocada do país actual.
Se o objectivo é publicitar e procurar a adesão dos jovens ao serviço militar, bem se pode dizer que é um tiro de pólvora seca.
É que a melhor publicidade é a que passa de boca em boca, diz-se.
E a maioria dos que experimentaram o SMO não o recomendam. Eu, por exemplo, digo a todos que aquilo é uma aberração: nem se preparam militares e muito menos homens. É uma perda de tempo, um santuário do absurdo, um mundo do faz de conta, em que temos a nítida sensação de sermos uma peça de uma engrenagem apenas utilizada para manter uma máquina antiquada, pesada, ineficiente, incapaz e gastadora. É carne para canhão. Os únicos que aproveitam são os militares profissionais; gente aliás que em geral não é nada do meu agrado.
Ainda me lembro de quando fui à inspecção ao Porto ter dormido ao relento com os mancebos da minha aldeia, no vão de uma porta de uma mercearia, numa noite fria de Janeiro. Aliciaram-me para os comandos - não que tenho pé chato; para os fuzileiros - não que não sei nadar; para os paraquedistas - ui, ui, que tenho vertigens, olhe, meu sargento, quero ir para o mesmo sítio do mancebo Paulo Portas...

Peliteiro,   às  22:51
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sexta-feira, 17 de outubro de 2003

Doctor Livingstone, I presume 


Esta frase, plena de fleuma, foi proferida por Henry Stanley, famoso explorador e jornalista britânico do século XIX, quando localizou junto ao lago Tanganica, após os 30 anos em que esteve desaparecido, o lendário Doctor Livingstone, o primeiro ocidental que se embrenhou nas profundezas da selva Africana, com o intuito de fazer a viagem da costa à contracosta.
O explorador Stanley usava sempre nas suas explorações uma malinha de couro com cerca de 20 medicamentos.
Ora, esta histórica farmácia ambulante é agora Portuguesa. Foi adquirida, num leilão internacional, pelo Museu da Farmácia. Junto a esta está a mala de medicamentos que o jornalista Carlos Fino usou na cobertura da guerra do Golfo e do Iraque.
Por esta razão e para apreciar muitas outras peças de grande interesse histórico e científico, compreendendo 5000 anos de história e abrangendo civilizações e regiões tão diferentes como o Egipto, Mesopotâmia, Roma, Grécia, Islão, América do Sul, China, Tibete, Japão, África e Europa, recomenda-se uma visita ao magnífico (prémio de melhor Museu Português pela Associação Portuguesa de Museologia) Museu da Farmácia, na sede nacional da ANF, sita no Palacete do Alto de Santa Catarina em Lisboa.

Peliteiro,   às  00:00
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quinta-feira, 16 de outubro de 2003

Dores... 


Peliteiro,   às  00:19
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quarta-feira, 15 de outubro de 2003

A Direcção Distrital de Finanças de Lisboa foi assaltada e roubaram 4 computadores que continham a listagem dos maiores devedores fiscais do Distrito.
O ficheiro não tinha cópias! Agora a informação vai ter que ser reconstruída...
O ficheiro não tinha cópias?????????????????????????????????????????????????????
Alguns processos podem prescrever????????????????????????????????????????????

Peliteiro,   às  23:58
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Não haverá ainda tempo para construir um estádio de futebol em Bragança?
Se marcassem lá todos os jogos da Inglaterra, o Euro 004 seria um sucesso turístico-comercial.

Peliteiro,   às  23:57
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Sinto, constantemente, a falta de um corrector de escrita, tipo Flip4.
Vou ter que abrir os cordões à bolsa, o que me custa sempre muito...
Mas tenho a noção de que me engano e tenho muitas dúvidas. Além disso é aborrecido estar sempre a pegar no calhamaço da Porto Editora, para esclarecer dúvidas.
Ninguém me quer oferecer um? Pode ser em segunda mão...

Peliteiro,   às  23:53
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"Dou de barato que..."
Esta expressão está a invadir o discurso de todos aqueles que se julgam bem falantes, possuídores de um senso inabalável, donos de uma sabedoria enciclopédica, bem sucedidos na vida e com altíssimo conceito de si próprios.
A mim dá-me náuseas.

Peliteiro,   às  23:47
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Bom discurso o do Francisco Louçã, hoje, na AR.
Concordo com quase tudo o que ele disse sobre o estado actual do país.

Peliteiro,   às  23:39
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Na IC1, de Porto a Valença, vejo cada vez mais veículos com matrícula Espanhola.
Não sei se é um bom ou mau indicador...

Peliteiro,   às  00:14
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Estou a ver o Major valentim Loureiro a ser entrevistado. Embora seja uma pessoa com facetas difíceis de aprovar é uma figura enérgica, simpática e empreendedora.

Peliteiro,   às  00:02
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terça-feira, 14 de outubro de 2003

Esta noite passei em frente à Faculdade de Farmácia. Acontecia um cerimonial qualquer de iniciação de caloiros; estes estavam alinhados contra a parede exterior da faculdade, virados de costas para a rua. Estavam imóveis e vestidos com uns trajes que faziam lembrar prisioneiros.
Tenho observado, nos últimos dias, os rituais de iniciação da caloirada de vários cursos aqui do Porto.
Se calhar não me apercebi bem do fundamento e da intenção das várias praxes. A impressão que fui construindo não é das melhores; poderei estar enganado, avaliando ou observando mal.
Mas os resultados provisórios são desastrosos: uma cambada de carneiros amorfos e sem vontade própria, conduzidos por uns imbecis sem imaginação, numa algazarra sem piada nenhuma.
Como é que os caloiros admitem ser tratados daquela forma? Não há um resquício de orgulho e de capacidade de dizer não?
E os "doutores" não conseguem criar umas brincadeiras menos atentatórias da dignidade dos seu colegas mais novos e, por outro lado, mais alegres e imaginativas?
Até dá pena ver o futuro do país (como se usa dizer) a desempenhar um papel tão triste.
No meu tempo não era nada assim. Será conflito de gerações... Mas estes cerimoniais que tenho visto não têm semelhança nenhuma com a ideia que faço de praxe académica; nem no quartel vi nada tão pobre.
A mim nunca me praxaram desta forma. Aliás nunca me fizeram nada que não fosse de meu agrado; nem eu fiz a ninguém (e fui veterano de 8 matrículas em Coimbra, sem chumbos convém dizer). O que nós queríamos era uma boa festarola, umas boas gargalhadas, umas piadas, e conhecer as caloiras todas, das faculdades todas.
Enfim, admito que possa estar fora de moda, mas neste aspecto não me parece. Os meus filhos, quando forem caloiros não entrarão, concerteza, nestas carneiradas vazias.

Peliteiro,   às  23:39
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Há problemas? 

Parece que andaram a investigar quem era o boticário Peliteiro.
Boticário de Província
Ora, eu tenho poucos segredos, e nunca fiz o trenguices de uma forma anónima. Não sendo uma obra prima da literatura, eu divirto-me a escrever estas trenguices e até as divulgo pelos amigos.

Sim, sou o Jorge (há outro boticário na família), mais precisamente o Jorge Mário.
E aqui vai uma foto de "moi memme":

Qualquer dúvida, digam.

Peliteiro,   às  00:14
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Já estou farto de ver a Ana Gomes. É feia, tem um ar vulgar e uma voz irritante.

Peliteiro,   às  00:01
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segunda-feira, 13 de outubro de 2003

"Culinária... daqui e d'ali"
Um excelente livro sobre cozinha e cozinhados. Escrito por um dos primos de Braga, Pedro Nuno Sousa.
Óptimo para cozinheiros amadores, como eu, dispostos a aperfeiçor a sua arte e a acrescentar umas novas receitas ao seu repertório.
Entre outras delícias destacam-se: papas de sarrabulho, açorda de sável, rancho, salada de agriões com ostras, tripas enfarinhadas, roupa velha de carne, rolas recheadas, bacalhau à padeiro e frango á paneleiro.
O prefácio foi escrito pelo primo Zé Miguel Braga, homem das letras e do teatro, que quando era leitor de Português em Paris teve a amabilidade e a paciência de me ensinar a apreciar a maravilhosa cidade das luzes. (Resultado: As minhas cidades preferidas são Paris, Rio de Janeiro e Veneza)

Peliteiro,   às  23:39
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Parabéns ao 7650 fotoblog, um dos meus blogues preferidos pela citação na revista do expresso.

Peliteiro,   às  23:26
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Ana Gomes e Conceição Oliveira: duas mulheres, figuras nacionais, com direito a tempo de antena hoje, mas com muita falta de tino.

Peliteiro,   às  23:15
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sexta-feira, 10 de outubro de 2003

Olá cá estou eu; a aceder ao "trenguices" num cybercenter.
Interessante, sinto-me um jovem.
Agora, vou mandar imprimir todos os textos que redigi no trenguices, para ficar em arquivo vivo.
Não se pode perder um espólio tão importante.

Peliteiro,   às  16:38
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Ao falar, há pouco, em dieta mediterrânica lembrei-me dos tempos em que fui assalariado rural.
Trabalhava às tardes numa quintarola, e as minhas tarefas resumiam-se a levar umas vacas a pastar e, com uma foucinha, apanhar erva para os coelhos, nos lameiros mais tenros. Tinha uns 12 anos e ganhava 6$00 à hora.
Mas eu gostava era da hora da merenda. Não era muito variada, lembro-me. Aliás só me recordo de uma. Num alguidar de barro enorme era servida uma salada à base de alface, com muito azeite e vinagre, e muitas azeitonas. As azeitonas eram pequeninas, curadas num pote, num líquido escuro, e tinham um sabor intenso. Depois cortava-se um queijo de ovelha, duro mas bom, em fatias muito fininhas, que se deixavam derreter sobre a língua. Acompanhava-se tudo com boroa de milho e vinho verde tinto, numas malgas pequeninas, brancas. Volta e meia faziam bola minhota, que hoje não se vê: tem a forma de uma tarte, achatada e fina, feita de farinha de milho ou centeio, escura, que na cozedura em forno de lenha aberto (a boroa faz-se em forno fechado e isolado termicamente com excrementos de vaca) levava por cima uns pedaços de salpicão gordo, ou presunto, ou sardinhas, que libertavam uma gordurinha saborosa que humedecia e apaladava a massa.
Não há nada como a dieta mediterrânica!

Peliteiro,   às  00:38
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Hoje à tarde descobri uma lojinha de produtos alimentares transmontanos muito interessante. No Porto, na rua da Torrinha (de cima). Chama-se "sabores transmontanos" se bem me lembro.
É especializada em alimentos regionais, alguns biológicos. Vende-se um pouco de tudo, desde batatas a vinhos, passando pelos salpicões, presunto, alheiras, folar, bola de carne, queijos, mel e polen, compotas, azeite e vinagre, chás e ervas aromáticas, romãs e uvas, etc.
Gastei lá o ordenado quase todo.
Chegado à botica comi uns bons pedaços de folar, acompanhado com azeitonas. Na viagem para casa masi uma porção de bola. Em casa (chego às 10), provei os salpicões; deu-me uma sede tremenda, e então bebi uma cervejinha bem fresquinha - a vida tem coisas boas. De entrada saboreei uma alheira com uns grelinhos em azeite. Agora estou a degustar um queijinho.
Não há nada como a dieta mediterrânica.

Peliteiro,   às  00:19
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quinta-feira, 9 de outubro de 2003

Ainda há quem diga mal dos juízes do futebol.
Hoje fiz um mini-inquérito lá na botica, e o povão não está nada satisfeito...

Peliteiro,   às  00:32
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Boas notícias.
O blog mais estúpido da blogosfera, o "médico explica..." está em coma profundo.
Agora, já posso escrever textos a falar da classe médica - que até tem muitos bons profissionais - sem ter a preocupação de ter que o agredir.

Peliteiro,   às  00:31
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quarta-feira, 8 de outubro de 2003

Bem digo eu que Portugal não é um país da Europa.
É uma jangada de pedra que há muito acostou na América do Sul. Portugal não devia fazer parte da CEE; ficaria melhor na Mercosul.
Os acontecimentos dos últimos dias provam-no.
E depois irrita-me o comportamento dos jornalistas. O assunto do dia é: isto; então não se fala de mais nada, só se lê, só se ouve, só se vê: isto; o mundo fica reduzido a: isto! Parecem as coscuvilheiras da minha aldeia.

Peliteiro,   às  23:59
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segunda-feira, 6 de outubro de 2003

O que eu fui encontrar!
Ouçam esta balada pelo velho Aurelino Costa.
Velho é um tratamento respeitoso para com os antigos estudantes, que se usa na residência onde estive em Coimbra, no Beco da Anarda. Quando para lá entrei fui ocupar o lugar do Aurelino, personagem inconfudível, que acabara de se licenciar.
O velho Aurelino é advogado aqui na Póvoa, onde tem desenvolvido um intenso trabalho cultural. Raramente nos vemos; mas é pena.
Grandes farras que nós fizemos. A nossa especialidade era uma sangria, magnífica, feita com as laranjas do vizinho, numa bacia de lavar roupa, e mexida com o cabo da vassoura.
E esta balada lembra-me o velhão a tomar o palco nos saraus e a declamar poesia, dedilhando uma guitarra, por tempos intermináveis, para desespero dos "naftalinas".

Peliteiro,   às  23:50
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Fiquei a saber, neste fim de semana, que o "trenguices" é lido, todos os dias, em Luanda.
O leitor é um reputado fiscalista Português, que lá se encontra em missão de trabalho: o grande Pedro Calixto.
Um abraço.

Peliteiro,   às  23:17
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Fiquei muito contente ao saber que o meu amigo Jorge Moreira da Silva foi hoje chamado ao Governo, na qualidade de Secretário de Estado.
Fui colega dele numa comissão política e posso atestar que é um político sério, trabalhador, inteligente e capaz.
Fico contente, então, como amigo e como cidadão.

Peliteiro,   às  23:04
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domingo, 5 de outubro de 2003

Trenguices 

Já tive muitos ofícios nesta vida.
Tive trabalhos do qual dependiam vidas (Fui responsável por um serviço de sangue e preparar uma transfusão não permite erros. Uma vez levei uma tampa de uma enfermeira e escrevi, num saco de concentrado de glóbulos rubros: zero negativo, em vez de AB positivo, felizmente telefonou-me uma anestesista e, entretanto, corrigi o erro.) e tive trabalhos perigosos (Fui ajudante de mineiro. Quando andávamos a fazer um minete num poço de 9 metros, meteram-me uma vela de dinamite, com o rastilho aceso, no bolso de trás das calças, como nos desenhos animados. Felizmente o dinamite não explode sem detonador, mas eu na altura não sabia!). Já fui assalariado rural mas também já fui director geral de uma empresa farmacêutica.
Há uns anos que não experimento novas actividades.
Esta tarde, enquanto giboiava após uma feijoada à transmontana acompanhada de um “Quinta de Vallado” tive uma ideia para um negócio.
Vou-me meter na Indústria Farmacêutica. Não que vá fazer uma fábrica de medicamentos, com departamento de I&D e tudo!
Vou começar devagarinho, claro, vou investir uns tostões depois logo se vê.
A ideia é explorar produtos que não existam (ou que não se conheçam) mas que possam ter utilidade para os farmácias. Não vou inventar nada, apenas vou adaptar produtos ás necessidades dos consumidores – doentes.
Desenvolvi de imediato três produtos, que vou expôr:

1- Soro fisiológico para uso oftálmico e para nebulizações.
Trata-se de soro fisiológico estéril que se apresenta em cartuchos unidose, descartáveis; 2 mL para uso oftámico e 5 mL para nebulizações.
O S.F. é um bom meio de cultura para bactérias, fungos, protozoários, algas e etc, etc. Depois de aberto, a 25º C, temos passados uns tempos, um ecossistema tipo Amazónia. Muitos dos frasquinhos de S.F. que se vendem nos super e hipermercados, nem precisam de se abrir, já são suficientemente cosmopolitas. Mesmo os de 30 e 50 mL que se vendem na Farmácia, tem uma inscrição que diz: aplicação nasal!
Alguns pais fazem nebulizações às criancinhas, com nebulizadores ultrassónicos de 130 euros, mas usam a garrafa de S.F. de 1L que já era do ano passado!
Algumas jovens mamãs lavam os olhinhos dos seus bébés com S.F. inquinado de fungos e algumas jovens donzelas conservam as suas lentes de contacto azuis num líquido que lhes pode trazer umas irritações nas conjuntivas que as fazem ficar com um ar duvidoso.

2- Paracetamol, supositórios doseados a 100, 200, 300, 400 e 500 mg.
O Ben-u-ron ou o Panasorbe em supositórios a 250 mg diz: para crianças de 1 a 6 anos. Então uma criança de 1 ano e 1 dia tem a mesma dose de uma criança com 5 anos, 11 meses e 29 dias? E o tamanho do supositório é o mesmo? E alguns médicos receitam uma colher de xarope de 8 em 8 horas. Uma colher de quê? E o meu faqueiro é igual ao teu?
O meu paracetamol (medicamento genérico) vai ser um sucesso.

3- Rebuçados peitorais do Dr. Peliteiro. Sem açucar, com Vitamina C.
Quem não se lembra dos rebuçados do Dr. Bayard? Agora retiraram alguns componentes da fórmula e vendem-se em confeitarias. Tanta gente pergunta se não há uns rebuçados para a tosse. Embora não seja grande especialista em fitoterapia, vou desenvolver uma fórmula baseada em extractos de plantas, óleos voláteis e essências balsâmicas que tenham propriedades expectorantes, broncodilatadoras, anti-inflamatórias e antimicrobianas.
O que é Português é bom.



É claro que não vou produzir, nem distribuir. Monto escritório em casa e trabalho apenas com empresas idóneas, aqui de perto.
O S.F. será produzido na Labesfal, em Campo de Besteiros (grande obra social tem feito o Dr. Almiro!), e embalado na Maialab (do Dr. Paulo Alexandre, o maior especialista nacional em galénicos); o Paracetamol na Bial; e os rebuçados na Vieira de Castro, em Famalicão (que até tem um farmacêutico como director de formulação, desenvolvimento de produtos e controlo de qualidade). A distribuição vai para a Cofanor. Faço umas circulares para os farmacêuticos e médicos, e pronto, está tudo.

Que tal?

Peliteiro,   às  23:14
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sábado, 4 de outubro de 2003



ANUNCIO



Aceitam-se BOMBEIROS.

Local do trabalho: Lamego

Peliteiro,   às  08:10
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Nas últimas semanas escrevi aqui, umas três vezes, sobre maus médicos, replicando a um médico blogueiro que considero ter opiniões pouco isentas sobre os farmacêuticos. Tinha a intenção de não voltar ao assunto.
Embora o facto de nesse blog se defender a liberalização da propriedade e da instalação das Farmácias merecesse uma pergunta, que não cheguei a fazer: então porque não defendem a liberalização da instalação de faculdades de medicina?
E como hoje não se falou de outra coisa que não fosse a entrada em medicina da filha do ministro, cá vão mais umas canhotas para a fogueira.

A que se deve o anseio generalizado dos jovens Portugueses em cursar medicina?

1- Embora nos tentemos convencer que somos um país Europeu, só o somos - na verdade - geograficamente, já que de facto Portugal é um país Sul-Americano. Na Colômbia também todos querem ser médicos.
2- Porque tirar medicina garante, logo aos 18 anos, um bom emprego para toda a vida, na função pública, e uma boa reforma.
3- Porque ser médico dá prestígio social, e dá licença para actos de grande utilidade à família e amigos (alguns interesseiros também), como passar receitas, atestados, declarações médicas, entradas nos hospitais, cunhas nas listas de espera, etc, etc.
4- Mesmo num mundo materialista e imoral, muitos jovens gostariam de exercer uma profissão que é bonita, por ajudar pessoas fragilizadas e que sofrem.

Daí que a grande maioria dos estudantes gostassem de estar em medicina e não no curso que realmente frequenta. A exclusão começa logo a meio do liceu: aqueles que não têm inclinação nenhuma para matemática, desistem e vão para letras e licenciam-se em direito, jornalismo, psicologia, sociologia, etc. Depois, os outros, no fim do liceu, vão para farmácia, biologia, química, bioquímica, aquacultura, agronomia, etc. Isto pode ser caricatural mas não anda longe da verdade.

E quem são os eleitos?
1- Muitos são os que entram por regimes especiais, as portas de cavalo, os filhos de embaixadores, os pseudo-atletas de alta competição, os pseudo-imigrantes ou pseudo-ilhéus, os falsos estudantes do ensino recorrente e tudo aquilo que a imaginação consegue engendrar.
2- Depois vêm os "kitados", aqueles que frequentaram colégios que inflacionam as notas e aqueles que são acompanhados desde cedo por explicadores-treinadores.
3- A seguir os obsessivos-compulsivos que não sabem - nem nunca saberão - fazer mais nada que não seja bater com a testa, insistentemente, nos livros.
4- Finalmente aqueles que são alunos realmente muito bons, com capacidades acima da média.

Estudantes de medicina que simultaneamente caibam nos pontos 4 dos dois grupos anteriores devem ser poucos.

Agora, finalizando, e fingindo que issto é um estudo encomendado pelo governo ou por uma fundação, surge uma recomendação e uma conclusão:
a) Se há falta de médicos e há muitos candidadatos a médicos, deve permitir-se que as instituições de ensino superior privado invistam em cursos de medicina, devidamente regulados e fiscalizados no que respeita à qualidade de ensino. Fácil.( Acabavam-se as horas extraordinárias faraónicas e a saúde dos drs. era acautelada porque não ficavam no consultório a facturar até taõ tarde.)
b) Os alunos de Farmácia, que na lista de rejeitados vêm em 2º lugar, são verdadeiramente os alunos mais bem preparados e os mais completos. O curso de Ciências Farmacêuticas aprofunda um vasto leques de conhecimentos (química; física; botânica, zoologia e medicina; matemática; gestão, etc). É então natural que os quadros da classe farmacêutica sejam os mais bem dotados de valor e que em breve alguns deles se notabilizem, sendo até provável que algum deles venha a ocupar altos cargos nacionais, como Primeiro Ministro ou Presidente da República, especialmente se tiver um apelido esquisito começado por "P".

Peliteiro,   às  02:12
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quinta-feira, 2 de outubro de 2003

O Porto perdeu por culpa do árbitro, estava comprado.
É o sistema.
(Não é o que se diz em Portugal quando a nossa equipa perde? Então também digo!)

Peliteiro,   às  00:00
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quarta-feira, 1 de outubro de 2003

Recebi um mail que, por me parecer bastante pertinente, passo a editar:



De: joana s < @msn.com>
Data: Terça, 30 de Setembro de 2003, 23:17
Para: impressoesdeumboticariodeprovincia@sapo.pt
Assunto: Obrigado!!
"Sr dr, chamo-me Joana S, tenho 21 anos e sou carteira de profissão, nunca fui muito dedicada aos estudos e a minha formação escolar para os tempos que correm é muito reduzida, contudo tento manter-me informada e tento evoluir por conta propria.
Leio há muito tempo o seu blog, que muito aprecio. Noto que é escrito por uma pessoa que trabalha no duro como eu, ajudando as pessoas nos seus problemas mais importantes.
Atraída por um link incluído no "Impressões de um boticário" estive a analisar com cuidado o "médico explica". Realmente o homem só fala de Farmácias e Farmacêuticos, quando devia era preocupar-se com os médicos e os doentes.
Eu não conheço bem nenhum médico. O meu, lá no Centro de Saúde, já não o vejo há anos. Ora está de férias, ou de greve (O Dr. Bento do sindicato dos médicos, que aparece na TV, é parecido com o carniceiro da minha terra, engraçado...), ou doente, ou foi a um congresso, ou está mal disposto (estou ansiosa para entrar para o quadro para poder usufruir da maravilhosa regalia dos funcionários do estado, que é estar mal disposto), ou numa reunião, sei lá. Da última vez que o vi, pedi-lhe um atestado por estar muito doente, o que ele recusou; mas à minha colega Rosa, que foi ao consultório privado dele, passou-lhe logo um para 15 dias - para ela ir às vindimas - e outro para o filho poder faltar aos exames do 12º ano.
É um maroto este médico, gosta muito de dinheirinho, diz que ganha mal pelo estado, mas anda num Mercedes melhor que o do Sr. Manuel das pontes, o empreiteiro. E ainda outro dia o ouviram a dizer que está morto que as Farmácias possam ser de qualquer um e em qualquer sítio, para que sejam compradas por cadeias de multinacionais da indústria e distribuição farmacêutica e assim poder ganhar comissões nos medicamentos que receita. Não perdoa uma!
Ele também era o médico da minha mãe, a quem receitava muitos remédios caríssimos. Ela só se queixava que tinha má memória, se esquecia muito; será da idade já que de resto tem uma saúde de ferro; mas ele insistia que ela tinha um esgotamento. Viemos a saber depois que era um daqueles muitos que têm acusações por corrupção, em associação com laboratórios. A minha mãe nunca mais lá foi, ganhou-lhe medo e diz que não confia mais nele nem nos colegas.
Aliás, o meu pai também lhes ganhou cisma, desde que no hospital lhe disseram que tinha um problema grave na próstata, que podia dar em cancro, e que tinha que ser operado o mais rapidamente possível; mas que não podia ser no hospital, porque a lista de espera era de mais de um ano; no entanto se ele fosse à clínica e pagasse uns 1000 contos, isso fazia-se já, e ainda lhe passava um relatório e metia uma cunha para a reforma antecipada. Lá teve que ser, vão-se os aneis fiquem os dedos.
A minha irmã Etelvina é que se dá bem com a obstetra dela, está muito satisfeita. É impecável a senhora. Para sair mais barato o acompanhamento do parto, faz-lhe ecografias, análises e exames caros no hospital, nos dias em que está de urgência, e depois leva-os para o consultório. A minha irmã não paga mais nada por isso, dá-lhe apenas uns presuntos e cabritos como agradecimento. Nós todos se calhar é que pagamos; mas está bem, o estado é rico.
Ora então, agora que se faz tarde, vou ter que terminar.
Vou continuar a ler o seu blog, que é muito menos presunçoso que o do médico (agora meteu lá uma série de mails trocados com o jovem "bactéria blog", que não se percebe nada) e muito mais amigável (o médico diz-se insultado pelo seu texto de sexta-feira, mas é preciso falar com a boca toda, este país está infestado de sacanas com falinhas mansas).
Muitos beijinhos
Joana S.




Peliteiro,   às  00:13
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