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Impressões de um Boticário de Província

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segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

Basto eu ! 

Conta a lenda - para explicar a denominação das terras de Basto, a coragem e a honradez das suas gentes - que ao aproximar dos Mouros, comandados por Tarik, D. Gelmiro postado junto à ponte que dava acesso ao Mosteiro de S. Miguel de Refojos, estendeu a mão possante assegurando: «Até ali, por S. Miguel, até ali Basto eu». E bastou! Três vezes arremeteram os Mouros, três vezes foram repelidos.




São recorrentes as notícias dando conta dos milhões que desperdiçamos - poluindo - em medicamentos.

Uma parte deste desperdício é inevitável e inerente ao uso, à adesão, ao sucesso ou insucesso das terapias.
Outra grande parte é desperdício evitável. Facilmente evitável!

E como?
Não recorrendo ao processo obsoleto, caro, pouco seguro e higiénico (mas populista) da dispensa em unidose.
Recorrendo simplesmente ao dimensionamento das embalagens, adequando-as aos fins terapêuticos a que se destinam. Fácil.
Fácil sobretudo porque boa parte dessa tarefa está há muito realizada, existindo autorizações de introdução no mercado (AIM) para embalagens de 1, 2, 3, 7, 14... unidades.

O problema é que as presentações estão registadas mas não são utilizadas!

Estão registadas, não são utilizadas, a culpa morre solteira e temos então uma clássica pescadinha de rabo na boca: no início do ciclo diz-se que não se produz porque não há procura; no fim do ciclo diz-se que não se prescreve porque não estão no mercado. Isto há anos!

Pois houvesse vontade política.
Basto eu para resolver o problema, para poupar milhões ao erário público e aos bolsos dos doentes, para diminuir os custos de tratamentos dos resíduos e da contaminação do ambiente. Basto eu ou outro meco qualquer que conheça o circuito dos medicamentos e os medicamentos.
Apenas com as estruturas e os meios actualmente disponíveis e com a autoridade necessária para fiscalizar e punir.

O ciclo do medicamento está completamente documentado e quase completamente informatizado.
É possível saber em qualquer momento se determinada apresentação de um medicamento é ou não produzida pela Indústria, se é ou não aprovisionada pelo Distribuidor, se é ou não aprovisionada e dispensada pela Farmácia, se é ou não prescrita pelo médico; e vice-versa.
Não acredito na bondade do sistema em todo este circuito; ele deve ser fiscalizado e os prevaricadores devem ser severamente punidos.

Enquanto tal não se fizer, a espaços, teremos reportagens com as anteriores e resultados de estudos proibidos pelo Ministério da Saúde ocultando a feia e velha realidade.

Etiquetas:


Peliteiro,   às  22:22

Comentários:

 

Excelente.
Este blog e o "que raio de saúde a nossa" são o que de melhor se pode ler sobre saúde em Portugal.

Um par de blogs íntegros.

Um par de bofetadas na mediocridade mal disfarçada dessa intelectualite promíscua que nos governa.

 

 

 

Obrigado
# por Blogger Peliteiro : segunda-feira, fevereiro 05, 2007

 

 

 

Saudações caro Mario Sa Peliteiro,

Hoje dei ca um saltinho para saber a sua opinião sobre a condecoração do ex-PGR. Esperava também encontrar algum post sobre os 5 milhoes do Alberto Joao para democratizar o imprensa madeirense...

Mas hoje o tema é Saude!
Já agora um grande apoio ás UNIDOSES!!! Era um proveito economico, ambiental e de saude publica!

Volto cá então para saber a sua opinião sobre os temas supracitados!
# por Anonymous Anónimo : terça-feira, fevereiro 06, 2007

 

 

 

Esta Quarta feira à noite, dia 07 Fevereiro às 21.30 horas, no bar Plastic (Av. dos Descobrimentos - Porto de Pesca) não faltem a uma conversa descontraída com os escritores Rui Zink e Inês Pedrosa, a propósito do referendo à IVG.

http://cidadaniapelosim.pvz.googlepages.com/
# por Anonymous Anónimo : terça-feira, fevereiro 06, 2007

 

 

 

Caro MSP
O sistema de "unidose" (utilizado há já alguns anos nas instituições hospitalares) significa (como bem o sabe)o fornecimento pelas farmácias hospitalares de medicação diária, "individualizada" ao doente e à patologia ou patologias em tratamento.
Em regime ambulatório, não é aplicável o conceito de fornecimento diário mas será de todo o interesse que a quantidade a dispensar ao doente (e que ele e o Estado irão pagar) seja a adequada e a suficiente para completar o tratamento.

Se o sistema a adoptar deve ser pelo dispensar duma embalagem previamente adequada pela indústria farmaceutica ou pela "contagem", a realizar pelo Farmaceutico, do número de doses necessárias para o efeito, opte-se pela mais "segura e higiénica" como bem refere.

Mas como também diz quer com um sistema ou com o outro sempre "haverá peritos em lhes dar a volta".

Quantas vezes se esgotam, nas Farmácias, as embalagens pequenas...
Um abraço.
# por Blogger J.F : quarta-feira, fevereiro 07, 2007

 

 

 

Esgotam-se tantas vezes quanto se esgotarão as "unidoses".

Esgotam-se, quase, tantas vezes quantas as vezes que se esgotam nos distribuidores e nos produtores, alegadamente por escassez de procura do mercado. O quase entre vírgulas porque não descarto a parte da "culpa" das Farmácias.

E para si, qual dos intervenientes (indústria, distribuidores, farmácias, médicos) tem a maior fatia de "culpa" na pescadinha de rabo na boca?
# por Blogger Peliteiro : quinta-feira, fevereiro 08, 2007

 

 

 

Caro MSP
Sem querer defender nenhuma das "damas" parece-me que nenhuma "desculpa" de se ter esgotado o stock (por parte das farmácias), de não fornecimento atempado (por parte das distribuidoras) ou de não compensação económica a sua produção (por parte da indústria) terá razão de existir se competir ao prescritor (médico) a indicação da posologia, frequência e tempo de tratamento e ao dispensador (Farmacêutico) o dispensar ao doente a quantidade, por ex. de “blisters” ou de fracção destes para completar o tratamento preconizado.
“Vida mais facilitada” teria com este sistema o prescritor.
Mais complicada o dispensador…

Se acompanhado da necessária bula e da inviolabilidade do medicamento em “blister”, não vejo onde possa existir falta de segurança ou de higiene.

Mas acima de tudo, independentemente do método, o que mais faz sentido é o fornecimento da quantidade de medicamento estritamente necessária (ou perto da estritamente necessária), para bem do doente e dos gastos/desperdícios… e neste aspecto, modéstia à parte, o médico tem a principal responsabilidade…
Um abraço.
# por Blogger J.F : quinta-feira, fevereiro 08, 2007

 

 

 

Desculpe a demora na resposta mas tive uns dias muito atarefados.

Talvez estejamos a argumentar com base em modelos de unidose diferentes.
É claro que «o médico tem a principal responsabilidade no fornecimento da quantidade de medicamento estritamente necessária (ou perto da estritamente necessária)». Não tenha medo que lhes retirem responsabilidades. Escusa de dizer "modéstia à parte", eu diria mesmo que têm TODA a responsabilidade.
Repare que não sou completamente contra o sistema "unidose", aliás uma das vantagens que antevejo é a de imputar TODA a responsabilidade a um só interveniente no processo.

O que eu digo é que a unidose seria desnecessária num sistema onde houvesse controlo, onde a responsabilidade pelo desperdício fosse vigiada e punida. Tanto mais que a unidose tem desvantagens: higiene (inferior claro se as formas farmacêuticas de base forem fornecidas em embalagens primárias e não em granel; mesmo assim, se visitar uma fábrica de medicamentos vê que a embalagem secundária é efectuada em ambiente controlado e asséptico, como mandam as GMP), segurança (maior taxa de erros de dispensa na farmácia, maior taxa de erros na toma pelo doente, maior facilidade de contrafacção, de controlo de PV...) e preço (o fraccionamento manual é mais caro que o automático, em série). Por outro lado a sua implementação será necessariamente demorada, teremos que aguardar portarias e despachos respectivos. Ainda, não é seguro que as receitas continuem a fazer "ricochete" - é que o sistema além de ser teoricamente eficaz terá que ser na prática eficiente, ou seja, exemplificando, muito terra a terra: se espera que eu abra uma caixa de 60 comprimidos de Solexa (no que presumo ser o seu sistema) que custa 56 euros para vender 2 cáps. por 2 euros e ficar à espera que vença o PV (multiplicando isto por milhares e milhares de referências, genéricos e genéricos de genéricos)... Bom, eu assumo já que não o faria. E julgo que se compreende.

Tudo isto para dizer o quê, que o desperdício tem que ser combatido, que tem que haver responsabilização, fiscalização e punição, que o sistema das embalagens reduzidas é o ideal, haja vontade política, que esta história das unidoses é areia para os nossos olhos.


Parabéns pelo blogue. Está cada vez melhor. Havemos de pensar numa fusão, agora que cada vez mais big is beautiful.
# por Blogger Peliteiro : quarta-feira, fevereiro 14, 2007

 

 

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