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quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

Iguais a nascer, iguais a morrer 

Tenho escrito que três atributos definem bem o executivo da Câmara da Póvoa: são parolos e autoritáriozinhos. Esta notícia demonstra bem isto :

Novo cemitério da Póvoa de Varzim muda paradigma no culto dos mortos
Câmara impõe minimalismo estético, com jazigos estilizados para acabar com "decorações excessivas", assume o vereador
O novo cemitério municipal vai provocar uma alteração radical à forma como os habitantes da Póvoa de Varzim manifestam o seu culto pelos mortos, uma vez que os jazigos vão deixar de ser decorados de acordo com o gosto dos familiares do falecido. Por imposição da câmara, todos serão cobertos de forma idêntica "estilizada" - uma lápide com a menção ao morto e um jarro para flores - variando apenas a possibilidade, para os enterramentos católicos, de ser colocada uma cruz à cabeceira.

Quem passa no IC1/A28 depara, a nascente da via, e já bem perto do acesso à cidade, com um novo espaço pontuado de lajes de pedra entre espaços verdes, um sóbrio edifício de apoio e algumas árvores à espera de crescer. Um olhar mais atento permite adivinhar um cemitério.
O vereador com o pelouro das Obras Municipais, Aires Pereira, explicou ao PÚBLICO que o conceito que a autarquia quis que estivesse presente no novo equipamento foi baseado numa frase: «Iguais a nascer, iguais a morrer». A partir deste pressuposto, o desenho do espaço teve em conta a «sobriedade que um cemitério deve ter», defende Aires Pereira, que, no entanto, tem consciência de que a exigência da câmara quanto ao tipo de decoração poderá, no início, gerar alguma controvérsia. O autarca está convencido, porém, que «as pessoas vão compreender o alcance» da medida, até porque, no cemitério actual, há casos de ocupação excessiva do topo das campas com artefactos de todas as cores e feitios.
Aires Pereira adiantou que o grosso do empreendimento (nesta primeira fase), que custou 1,9 milhões de euros, «está pronto», devendo entrar em funcionamento no início de Fevereiro. Até lá, serão completadas as áreas ajardinadas e um espelho de água, colocados bancos e iluminação apropriada, peças que «são essenciais» para fazer do espaço um «local de recolhimento e de reflexão, para além da sua função natural», os enterramentos.»


Helena Matos, diz bem:
Esta notícia do caderno Local Lisboa do PÚBLICO é um caso que merece estudo. Em primeiro lugar temos aquela extraordinária presunção de que o culto dos morto muda por disposição camarária, em segundo o ódio aos gostos populares e em terceiro esta totalitarissima concepção da vida e da morte. De facto não somos iguais, não temos gostos iguais, não temos vidas iguais. Existem campas que são verdadeiros festivais de quinquilharia, existem campas abandonadas, existem campas com inscrições extraordinárias, existem jazigos lindissimos e outros horrendos... Mas tudo será melhor do que esta visão tipo «Querido Líder» de como nos devemos comportar. Também vão medir as lágrimas? Os choros? O número de acompanhantes? As flores?... Enfim se é para se ser rigorosamente igual há que pensar em tudo.

João Miranda remata assim:
A interferência do estado na forma como as pessoas tratam os seus mortos começou com a Maria da Fonte.

Peliteiro,   às  14:10

Comentários:

 

Caro Boticário,

Fico curioso em saber qual o terceiro «atributo», para além de «parolos» e «autoritariozinhos», com que V. mimoseia o actual Executivo poveiro.

Esta notícia dá mais uma ideia do grande déficit de comunicação existente na Câmara. Com os munícipes, naturalmente. E de alguma falta de hábito na transmissão de ideias cá para fora. Daí as blagues. Esta do «iguais a nascer...» é apenas mais uma a juntar a um imenso rol. Relembra uma outra de Aires Pereira, no Verão passado. Quando, ante os protestos do excesso de bytes fora-de-horas das festarolas camarárias, respondeu que quem não gostásse deveria procurar outro destino para férias. Portanto, em matéria de comunicação, o melhor será o actual Executivo contratar um gago.

Já estou de acordo quanto à necessidade de uma menor exuberância nos cemiterios, que não apenas na Póvoa de Varzim. Prezo as diferenças, como outras coisas, mas prioritariamente em vida. No resto, já tenho as minhas dúvidas. Principalmente quando, ao velar pelos meus, dou com um Pai Natal a subir a cabeceira da sepultura vizinha...

 

 

 

Caro Boticário,

Confesso que do ponto de vista do gosto pessoal me apaixona a ideia dos cemitérios tal como são propostos pela câmara da Póvoa.
Mas admito outros gostos!
# por Anonymous Anónimo : sábado, dezembro 30, 2006

 

 

 

De facto a única revolução genuinamente popular ( embora alguns digam que foi obra subversiva do clero)soi a da Póvoa de Lanhoso com a Patuleia. uma revolta "espontãnea" liderada Por Maria da Fonte - e cujo rastilho se iniciou com aproibição de enterrar os mortos nas igrejas...

A questão dos cemitérios e o "culto aos mortos" tem muito que se diga...No que refere à regulamentação dos cemitérios creio que as Juntas de freguesia e a Câmara da Póvoa está a ir longe de mais... Claro que já não estamos na época da Patuleia, mas exigir uma certa arquitectónica, que tem por base não o interesse geral mas o sistema construtivo instalado ( incluindo os Patos bravos) , onde prolifera o cinzentismo ( vulgarmente conhecido por Formiga Branca - ou o lobby da construção)... e da venda de materiais "well made and with mesure" (marmores, granitos, etc...) em detrimento de outros materiais e objectos decorativos de menor custo e melhor gosto, e de mão de obra bem mais popular e criativa...A título de exemplo recomendo aos interessados avizitarem cemitérios antigos e vejam as maravilhas que existem em "ferro forjado" obras de "cantaria" em "estuque" e até em ciment, e diversas outras pedras portuguesas...
# por Blogger renato gomes pereira : segunda-feira, janeiro 01, 2007

 

 

 

Uma questão, se alguem souber esclarecer : Diz-se que o novo cemitério da Póvoa vai abrir brevemente. Existirão trabalhos nocturnos ? Ou já estará aberto, e pela noite dentro? é que desde há já pelo menos um mês, nas 5 ou 6 vezes que passei na A28, cerca das 24h, toda a iluminação do cemitério estava ligada a 100%. Era um festival de luz, só comparado com os relvados do parque municipal!
# por Anonymous Anónimo : terça-feira, janeiro 02, 2007

 

 

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