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Impressões de um Boticário de Província

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domingo, 4 de dezembro de 2011

O que fiscaliza o Infarmed? 

Fui comprar um medicamento sujeito a receita médica sem receita médica a uma Farmácia desconhecida. O homem que me atendeu era o único que não usava bata, sinal exterior de proprietário de farmácia não farmacêutico, de boss. Eu, barba por fazer, unhas sujas de terra e roupa de andar a sachar, passava perfeitamente por assalariado rural, ileterato farmacológico.

O que me impressionou foi a frieza com que, sem hesitações, me vendeu o medicamento sem uma palavra, sem um «foi receitado por um médico?», ou um «conhece bem o medicamento», ou «precisa de alguma informação sobre?», já para não falar de «tem contra-indicações, interacções, efeitos secundários». Nada! A única coisa que balbuciou foi o preço.

Na era dos registos informáticos, da receita electrónica, só se fazem estas ilegalidades em massa porque ninguém quer saber. Farmácias que assim procedem por rotina fazem concorrência desleal à maioria que se rege por princípios deontológicos e são um atentado à saúde pública.

Etiquetas:


Peliteiro,   às  19:23

Comentários:

 

Mas o utente em regra não quer saber de "mas" nem de meios "mas".
No fundo até agradeçe que não o chateiem. Farmácia boa é a que vende tudo !
E quanto a concorrençia desleal, só existe por culpa do Infarmed que faz tudo menos o que deve: FISCALIZAR!

 

 

 

É isto mesmo.

Como se pode esperar que as farmácias concorram através do aumento da qualidade quando qualquer uma pode prestar um serviço como o que foi descrito no post?

São estas as farmácias das quais o cliente sai satisfeito (pois conseguiu o medicamento sem ter que ir a uma consulta).

São estas as farmácias que não perdem dinheiro (pois se recusasse a disepensa do medicamento, obviamente este não lhe era pago).

Há anos que digo que o INFARMED tem que ser um fiscalizor activo das farmácias mas não me parece que seja neste momento que as coisas vão melhorar.
# por Blogger Azrael : domingo, dezembro 04, 2011

 

 

 

Concordo com os dois comentários de cima.
O utente quer é o medicamento sem grandes perguntas, chatices, etc.

O INFARMED fiscaliza o que lhe apetece e lhe convém.
# por Anonymous Anónimo : domingo, dezembro 04, 2011

 

 

 

Já não é a primeira vez que uma farmácia me vendo medicação sem me dar nenhuma informação. Até já me aconteceu darem-me o medicamento errado...
Mas o episódio mais caricato foi quando a minha cadela teve febre da carraça. Fui à farmácia pedir 3 caixas de actidox e o farmacêutico disse que não dava sem receita médica, eu respondei que era para a cadela e ele deu-me as 3 caixas!!!
Como enfermeira fico estupefacta com as calamidades que algumas farmácias fazem ao vender qualquer medicação e sem questionar nada.
Joo
# por Anonymous Anónimo : domingo, dezembro 04, 2011

 

 

 

Tenho evidências - recibo em meu nome - mas não me peçam para denunciar. Já denunciei situações ao Infarmed e nem me responderam.
# por Blogger Peliteiro : domingo, dezembro 04, 2011

 

 

 

Qualquer novidade sobre farmácia em Itália (não consigo traduzir/ compreender):

«Farmaci liberalizzati - Via libera alla liberalizzazione dei farmaci di fascia c, quelli a pagamento, che potranno essere venduti anche nelle parafarmacie, ma "nell'ambito di un apposito reparto delimitato, rispetto al resto dell'area commerciale, da strutture in grado di garantire l'inaccessibilità ai farmaci da parte del pubblico e del personale non addetto, negli orari sia di apertura al pubblico che di chiusura".»
http://www.repubblica.it/economia/2011/12/04/news/le_misure_della_manovra-26081301/?ref=HRER1-1
# por Blogger Peliteiro : domingo, dezembro 04, 2011

 

 

 

Qual é o espanto? O proprietário da farmácia onde estou a estagiar também se passeia pelo balcão sem bata. E nem faz vendas, limita-se a intrometer-se nas vendas dos "empregados". Deve ser para se diferenciar e evidenciar, afinal usar bata é sinónimo de ser o "menino/a da farmácia", um balconista assalariado, e ele é o "sôtor". Estes donos de farmácia acham-se membros de uma espécie de casta superior, mesmo dentro da profissão. Uma vergonha...
# por Anonymous Estagiário : domingo, dezembro 04, 2011

 

 

 

"O farmacêutico disse que não dava sem receita médica". Está correto e ao condescender em dar para a cadela prova que avaliou os riscos. Ou a senhora indignada com a calamidade não aceitou as caixas?
Acho que sabiam os dois o que faziam.
# por Anonymous Anónimo : segunda-feira, dezembro 05, 2011

 

 

 

Sr.estagiário , olhe que não há lei que obrigue o proprietário a passear-se de bata na farmácia. Só fiscaliza o que é dele (e faz muito bem), como proprietàrio e farmacêutico. Quem o seu não vê o diabo o leva!
(e não venha outra vez falar da mulher, essa sim, não pode opinar)
# por Anonymous Anónimo : segunda-feira, dezembro 05, 2011

 

 

 

Com bata ou sem bata, o que interessa é que esteja devidamente identificado. O uso da bata como símbolo do profissional de saúde que ocupa o espaço da farmácia tem caído em desuso. Por aqui em Lisboa já se começa a ver essa tendência. Não que esteja de acordo, apenas constato a evidência.
Quanto ao atendimento, partilho da sua inquietação. Foi esse sentimento que me levou a escrever aqui há dias que os atendimentos são miseráveis, o que nos levanta um problema quando se fala em remunerar os aconselhamentos. Mas discordo quando parece apontar a culpa para o facto do proprietário ser não farmacêutico. Este é um hábito adquirido ao longo dos últimos 30 anos (pelo menos), pelo que os proprietários farmacêuticos também têm muita culpa no cartório, ao não desincentivarem estas práticas por parte dos novos farmacêuticos e dos velhos técnicos de farmácia.
Mas esta situação também é sinal das necessidades da população, pois é mais fácil aceder à farmácia do que ao centro de saúde. É fundamental atribuir a possibilidade prescrição de repetição ao farmacêutico, mas mais ainda, é imperativo implementar a transferência electrónica de prescrições, para acabar com estas situações, e com outras como completar receitas que ficaram em suspenso para assim o Estado pagar mais comparticipações. Vocês sabem do que estou a falar...
# por Blogger GreenMan : segunda-feira, dezembro 05, 2011

 

 

 

Qual estagiário, qual quê ?
Intitula-se "estagiário" mas, pela pinta, não passa de um despeitado, roído de inveja, cuja grande ambição é um dia ser proprietário de farmácia. (tenho sérias dúvidas que seja farmacêutico).
Quem desdenha quer comprar...
E, se um dia o vier a ser (proprietário), não passará de prepotente, um tiranete, em relação aos seus colaboradores.
Não sirvas a quem serviu...
# por Anonymous Anónimo : segunda-feira, dezembro 05, 2011

 

 

 

O problema, caro anónimo, é que os "despeitados e roídos de inveja cuja a ambição é ser proprietário de farmácia" são muitos, e muitos são também jovens farmacêuticos. Estes serão cada vez mais, e têm legitimamente essa ambição, que é amputada de cada vez que se vende uma farmácia sem levar o alvará a concurso publico novamente. Quem não nasceu em berço dourado, sabe que dificilmente será algum dia proprietário de uma farmácia. Nem com a legislação anterior isso seria muito viável, pois só se baixasse a capitação seria possível instalar mais farmácias. E já sabemos como os actuais proprietários são avessos à concorrência...
Se querem defender os jovens farmacêuticos acenando-lhes com a propriedade de uma farmácia, convinha que dessem a oportunidade de ganhar o alvará pelo valor quase simbólico que custou ao primeiro vencedor do concurso. Mas isso iria trazer novamente um coro de virgens ofendidas, que assim perderiam a possibilidade de vender farmácias pelas exorbitâncias que se conhecem.
# por Blogger GreenMan : segunda-feira, dezembro 05, 2011

 

 

 

Discordo do discurso do GreenMan.
Há farmácias, penso que a maioria, com níveis de atendimento e aconselhamento de grande qualidade, em que o relacionamento com os clientes é de total e absoluta confiança.
A qual se deve, essencialmente, ao exemplo, à competência e à integridade profissional do Farmacêutico/Director Técnico/proprietário, cuja cultura, sobretudo pela prática do dia a dia, soube transmitir aos seus colaboradores.
Hoje, autênticas autoridades em matéria de saúde e não só, assim reconhecidos pelas comunidades onde estão inseridas.
Vê-se, é claro, que o GreenMan está mais virado para outros objectivos:
"Para assim o Estado pagar mais comparticipações".
Ele lá sabe do que está a falar...
# por Anonymous Anónimo : segunda-feira, dezembro 05, 2011

 

 

 

"Estagiário" e GreenMan:
De que é que estão à espera ?
Não faltam por aí farmácias à venda, até por 1€.
Deixem-se de lamúrias e façam-se à vida.
Mostrem do que são capazes...
# por Anonymous Anónimo : segunda-feira, dezembro 05, 2011

 

 

 

Conheço váriadíssimas "superfícies comerciais" com o símbolo externo de farmácia onde isso acontece!
# por Blogger mfc : segunda-feira, dezembro 05, 2011

 

 

 

Caro anonimo, a sua discordância fica anotada. Quanto aos meus objectivos, se pensa que são económicos está redondamente enganado. O meu objectivo é contribuir para que os farmacêuticos comunitários sejam um verdadeiro profissional de saúde, aceite por todos como tal e não um merceeiro que existe só porque sim. E não misturo propriedades de farmácia com qualidade técnica. Acho que temos de assumir que são coisas distintas se queremos fazer evoluir a profissão.
Em relação à qualidade de atendimento, os estudos que existem em Portugal sobre satisfação dos utentes, apontam para um nível elevado com a satisfação dos serviços farmacêuticos. Nada mau! Quer isto dizer que estes casos de mau atendimento são pontuais e que nada se passa, e isto que lemos aqui são apenas experiências pessoais que não podemos extrapolar, apesar de ouvirmos dizer que acontece?
No entanto, não nos podemos esquecer que nestes estudos a variável "custos com a farmácia" nunca é contemplada, seria interessante ver o que os utentes pensam sobre aquilo que têm de gastar numa visita à farmácia. Outro achado importante de alguns estudos realizados cá é a constatação que os próprios utentes já não encontram grandes diferenças entre o atendimento de um farmacêutico e de um técnico. Dá que pensar não dá?
Concordo consigo quando relaciona a qualidade de aconselhamento com a cultura, competência e integridade profissional do DT/proprietário. Eu sei muito bem como isso é valioso, e estou grato por ter podido exercer a profissão enquadrado nesses valores. Mas no entanto, não tapo o sol com uma peneira. Tenho conhecimento de situações onde o desrespeito pela autonomia técnica dos farmacêuticos comunitários começa nos próprios proprietários farmacêuticos. Dizer que é só com os outros, é uma falácia. Mas sobre isto, a PJ está a investigar e só estou à espera dos resultados.
Anónimo II, eu até comprava as tais farmácias, se os incompetentes dos anteriores proprietários não tivessem acumulado dividas milionárias, a comprar 2ª e 3ª casas, carros para filha, filho, genro, marido, viagens para toda a família, além dos naturais investimentos na farmácia (inflacionados como em nenhum outro mercado). O anónimo deve ser um daqueles "jovens farmacêuticos empreendedores cujo papá tinha guito para comprar uma farmácia a um preço super-inflacionado" ou "um digno sucessor da familiar tradição farmacêutica". Se esses alvarás fossem novamente a concurso, e as dividas ficassem com quem as contraiu seria muito mais justo. Mas isso com certeza não interessa ao caro anónimo.
# por Blogger GreenMan : segunda-feira, dezembro 05, 2011

 

 

 

Não se irrite só porque a carapuça lhe assenta bem ó anónimo.
# por Anonymous Estagiário : segunda-feira, dezembro 05, 2011

 

 

 

Qual quê nem carapuça!
Peçam ao belmiro para lhe dar parte no negócio! Bem vistas as coisas voçes também têm direito!
O capital é um roubo!
Abaixo a exploração!

-Anar.-
# por Anonymous Anónimo : segunda-feira, dezembro 05, 2011

 

 

 

Há proprietários e farmacêuticos/proprietários piores que patos bravos que só vêm cifrões à frente dos olhos, capazes de tudo e mais alguma coisa, desde que dê para encher os bolsos.
Inclusivè martelar as contas e esconder dívidas para impingir a farmácia por valores mirabolantes, normalmente, a "investidores" da mesma laia, incautos, iludidos pelo "grande negócio".
Desta fauna há em todas as profissões, advogados, médicos, empreiteiros, políticos (tambem é profissão), banqueiros, etc, etc e farmacêuticos, é cllaro.
Seria bom que a PJ investigasse tudo, mas tudo até ao fim, incluindo. por ex. o receituário de médicos falecidos (veio nos jornais), respectivas conivências e cumplicidades...
# por Anonymous Anónimo : segunda-feira, dezembro 05, 2011

 

 

 

E a propriedade também é um roubo!
Abaixo os patos bravos!

(mas que grandes anjinhos que por aqui andam ... até dá dó)
# por Anonymous Anónimo : segunda-feira, dezembro 05, 2011

 

 

 

"Emigrar para chegar mais longe

Questionado sobre o reconhecimento da profissão, João do Ó é muito claro: “Em Portugal os utentes vêem muito o farmacêutico comunitário como um mero dispensador de medicamentos enquanto aqui é reconhecido, tanto pelos utentes como especialmente pela classe médica.”"

http://p3.publico.pt/actualidade/economia/1597/jovens-farmaceuticos-procuram-reconhecimento-alem-fronteiras

____

A dura mas crua realidade dos farmacêuticos portugueses. Décadas de ANF e de Cordeiros a estrangular o sector deram nisto. Uma profissão com os pés na cova neste país.
# por Anonymous Estagiário : segunda-feira, dezembro 05, 2011

 

 

 

Gostaria que houvesse um inquérito independente feito aos utentes portugueses sobre quantas vezes é que lhes foi vendido um medicamento sujeito a receita médica, sem a dita, e sobre a qualidade dessa venda em particular (mais concretamente sobre o inquérito do farmacêutico).

Será que isto seria possível? Ao menos expunha em concreto e quantificado, a falta de fiscalização da parte do Infarmed. Para além de nos surpreender, claro.
# por Blogger Andie : terça-feira, dezembro 06, 2011

 

 

 

Todas as farmácias vendem MSRM sem receita e todas as pessoas já compraram algum MSRM sem a dita.
Basta comprar Ben-U-Ron(!!!) para se estar a cometer uma ilegalidade. O problema está em primeiro lugar da estupidez como o estatuto é atribuído ao medicamento. Faz algum sentido o INFARMED assumir que é possível haver Pantoprazol 20 mg x 14 comp MNSRM e depois a quase totalidade das marcas dessa referência serem MSRM? Se se vende Pantoloc 20mgx14 comp. a farmácia é cumpridora, mas se vende Pantoc 20mgx14 comp. já tem de ser punida! Esta é a lei! Não é cumprida, todos sabemos, mas para a fazer cumprir devidamente, convinha que se analissase esta situação antecipadamente.
# por Blogger Farmasa : terça-feira, dezembro 06, 2011

 

 

 

Tem razão caro Colega Farmasa, mas não é o caso.
# por Blogger Peliteiro : terça-feira, dezembro 06, 2011

 

 

 

Apesar daquilo que disse, admito que há por aí muito má prática profissional... Infelizmente!

Quando comecei a trabalhar cheguei a ver um técnico de farmácia aconselhar Caverjet a um Sr que, de acordo com a avaliação do técnico não podia fazer Viagra... E isto é arrepiante! - Isto é, espero eu, uma situação limite que certamente não sucederia nos dias de hoje.
# por Blogger Farmasa : terça-feira, dezembro 06, 2011

 

 

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