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segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Correia de Campos não tem razão na questão das urgências 

É um dado adquirido que temos uma Polícia Judiciária das melhores do mundo. Ouvimos isto constantemente e portanto esta ideia constitui para nós uma verdade quase indiscutível. Esquecemo-nos é do caso Casa Pia, do caso Joana, Maddie, Furacão, Noite Branca, etc., etc..
O Benfica também é o maior clube português, não-sei-quantos milhões de adeptos, um passado glorioso, jogadores lendários, uma mística única, um estádio grandioso. Para a grande família benfiquista isto é um dogma. Esquecem-se é dos resultados desportivos do presente, que semana após semana, ano após ano, não têm sido suficientes para apagar a memória dum passado longínquo e irrepetível.
Correia de Campos tem uma reputação invejável como especialista em políticas de saúde e em economia de saúde e dizem ter um currículo ímpar de investigador, professor, e governante. Esta é uma perspectiva, mas há quem defenda outra, há quem defenda que tudo se resume ao perfil de um burocrata, de uma carreira académica sem brilho, de nomeações públicas por fiéis amizades políticas e de uma boa fama cultivada à custa de uma muito boa imprensa. Certo é que o Ministro da Saúde iniciou funções governativas na área da saúde em 1979 e é difícil vislumbrar marcas indeléveis, reformas valiosas, na sua actuação.

A reforma das urgências de Correia de Campos parece-me a mim ter uma boa fundamentação e parecem elaboradas em colaboração com os especialistas mais competentes de que o país dispõe. Há com certeza serviços de saúde que de urgência apenas têm o nome, que não têm as mínimas condições de funcionamento, que atendem um número reduzido, insustentável, de doentes e consequentemente faz sentido, tem toda a lógica, concentrar e racionalizar recursos para, com menos despesa, servir melhor as populações.
As pessoas percebem isto, não são estúpidas, e percebem-no facilmente. O problema não é então de comunicação como a toda a força nos querem fazer acreditar. O problema é que as pessoas não acreditam nos políticos, não acreditam que a dita reforma das urgências obedeça a uma lógica de benefício e de preocupação para com as populações, mas antes a uma lógica de contenção do défice e da despesa pública, à custa do desinvestimento no SNS e do fomento de seguradoras e de prestadores privados de saúde. O problema é o modo como a reforma está a ser implementada, encerrando os antigos e supostamente ineficazes serviços mas não oferecendo logo uma alternativa melhor, mais confiável, em muitos casos não oferecendo mesmo nada. O problema são os casos que vamos tendo conhecimento, os cenários tristemente terceiro-mundistas, a inumanidade com que tratam os doentes, a facilidade com que se morre sem assistência.

Do Ministro Correia de Campos conheço bem o seu desempenho no sector das Farmácias e no sector das Análises Clínicas e acompanho com razoável interesse – como cidadão e como profissional de saúde - o seu desempenho global na pasta da saúde. No início desta legislatura prometeu mundos e fundos, anunciou amanhãs que cantam e as expectativas eram enormes; o ímpeto reformista parecia imparável e a espada de Dâmocles pairava ameaçadora – Apagados os holofotes e eliminada a espuma do tempo, constata-se que a montanha pariu um rato, entrada de leão saída de sendeiro, tudo na mesma como a lesma.
Não acredito que Correia de Campos tenha razão nesta questão das urgências pelo simples facto de que nunca conseguirá implementar uma reforma tão complexa e tão importante, que nem sairão beneficiadas as populações, nem sequer as finanças públicas. Não tem competência nem força para tanto. Todos os dias se avolumam os indicadores para mais este insucesso.
E cada vez mais o povo julga que Correia de Campos não tem razão na questão das urgências.

Publicado no FARMÁCIA.COM

Peliteiro,   às  22:58

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