<$BlogRSDUrl$> Impressões de um Boticário de Província
lTradutor Translator
Amanita muscaria

Impressões de um Boticário de Província

Desde 2003


quarta-feira, 27 de setembro de 2006

Tadinhos dos nossos autarcas 


Pacheco Ferreira editou, no seu MENINOS EU VI, uma recensão sobre a nova Lei das Finanças Locais. Apontamento louvável, como é habitual encontrar-se ali. Sabido que a nova Lei prevê maiores condicionamentos ao endividamento e ao acesso ao crédito pelas autarquias, questiona-se como obter mais receitas. Acabando PF por recear concluir que a «solução mais fácil (será) aumentar as licenças e taxas municipais, derramas, multas e coimas, taxas de saneamento e água...»

Não resisto a quebrar o habitual registo dos meus textos aqui no Boticário & Cª Lª e a enviar daqui a minha opinião. Em nome da interactividade da blogosfera poveira.

Obviamente que será a «solução mais fácil» a avançar. Desgraçadamente para nós todos, munícipes poveiros. Independentemente de sabermos, também, que essa não será «a» solução. Será a mais fácil, mas não a mais correcta. Ou seja, não é solução.

Creio que é aqui que vem imbricar quase tudo o que é gestão pública em Portugal. Isto é, OS ORÇAMENTOS SÃO DESEQUILIBRADOS POR CULPA DAS RECEITAS. Sempre pela falta de receitas. Nunca pelo excesso de despesas.

Ora esta noção, fatalmente errada, deveria ter sido, há muito, ensinada aos senhores Gestores da Coisa Pública. Porventura, desde que nasceram. Ou, mais do que ensinados, deveriam ter sido obrigados a agir em conformidade. O que o Governo só agora, pelos vistos, se dispõe a fazer. Daí o desagrado da Tribo Autarca. Que se reuniram, num local chamado ANMP, para protestarem contra as novas regras. Com a estafada justificação de que porão em causa «a saúde financeira dos municípios e dos serviços prestados às populações». Vai daí, prometem já deixar de pagar fotocópias às polícias, transportar crianças para as escolas e uma extensa lista de obrigações que assumem agora como sacrifícios. Tadinhos. Entretanto, sobre os (irreversíveis) cortes nas despesas...nickles!

Nunca percebi as mordomias do Poder Local. Um presidente tem direito a um carro com motorista. OK. Mas porquê um Mercedes? Ou BMW? Ou Audi? Porquê um plafond de (dizem-me) entre 50/75 mil euros? Ou seja, ao nível de um Director Geral ou Administrador numa empresa cotada. Num banco, por exemplo. Com a diferença de que estes são obrigados, pelos respectivos accionistas, a rentabilizarem os números das empresas que dirigem. Que é o que permite sustentar aquelas benesses. E, eventualmente, muitas outras. Mas, é sabido que quando o não conseguem...RUA! Isto é o que acontece no sector privado, naturalmente. Que tem uma racionalidade que o Estado desconhece.

Quem fala de carros, falará de outras coisas. Benesses, sempre. Que se desmultiplicam, entretanto, por todos os vereadores com direito a pelouro. Que, por sua vez, têm equipas que nunca estão fechadas. Havendo sempre lugar para mais um. Entram, a cada nova vereação, multidões para os serviços camarários. Que se manterão lá quando os vereadores saírem. Após conclusão do seu serviço público. Isto é o que acontecia no Brasil, durante a ditadura dos generais. O que nós sempre havíamos considerado «terceiro-mundismo». Com a novidade, já portuguesa, de se inventar uma empresa municipal quando já não há mais espaço físico. A qual, como tem por objecto de exploração a «prestação de serviços à comunidade», nem tem de dar lucros. Ou seja, assumidamente, mais despesa. Lógica eterna e insofismável da gestão no Poder Local. E andamos nisto há séculos, meus senhores.

E outros tantos andaremos. Enquanto pensarmos que se trata, tão só, de questões partidárias. Ou doutrinárias. Política. Quando se trata, afinal, de mera falta de bom-senso. No que somos todos culpados.



«Considera o que se diz e não te preocupes de saber quem o disse» (Tomás de Kempis, Imitação de Cristo, Capítulo 5, nº1)

Anónimo,   às  22:35

Comentários:

 

Sempre achei que havia um paralelismo impressionante entre a epoca em que vivemos e do Robin Wood.Ja o malvado principe João,achava que a solução eram sempre...Impostos!!!

 

 

Enviar um comentário


 

 

 

ARQUIVOS

maio 2003      junho 2003      julho 2003      agosto 2003      setembro 2003      outubro 2003      novembro 2003      dezembro 2003      janeiro 2004      fevereiro 2004      março 2004      abril 2004      maio 2004      junho 2004      julho 2004      agosto 2004      setembro 2004      outubro 2004      novembro 2004      dezembro 2004      janeiro 2005      fevereiro 2005      março 2005      abril 2005      maio 2005      junho 2005      julho 2005      agosto 2005      setembro 2005      outubro 2005      novembro 2005      dezembro 2005      janeiro 2006      fevereiro 2006      março 2006      abril 2006      maio 2006      junho 2006      julho 2006      agosto 2006      setembro 2006      outubro 2006      novembro 2006      dezembro 2006      janeiro 2007      fevereiro 2007      março 2007      abril 2007      maio 2007      junho 2007      julho 2007      agosto 2007      setembro 2007      outubro 2007      novembro 2007      dezembro 2007      janeiro 2008      fevereiro 2008      março 2008      abril 2008      maio 2008      junho 2008      julho 2008      agosto 2008      setembro 2008      outubro 2008      novembro 2008      dezembro 2008      janeiro 2009      fevereiro 2009      março 2009      abril 2009      maio 2009      junho 2009      julho 2009      agosto 2009      setembro 2009      outubro 2009      novembro 2009      dezembro 2009      janeiro 2010      fevereiro 2010      março 2010      abril 2010      maio 2010      junho 2010      julho 2010      agosto 2010      setembro 2010      outubro 2010      novembro 2010      dezembro 2010      janeiro 2011      fevereiro 2011      março 2011      abril 2011      maio 2011      junho 2011      julho 2011      agosto 2011      setembro 2011      outubro 2011      novembro 2011      dezembro 2011      janeiro 2012      fevereiro 2012      março 2012      abril 2012      maio 2012      junho 2012      julho 2012      agosto 2012      setembro 2012      outubro 2012      novembro 2012      dezembro 2012      janeiro 2013      fevereiro 2013      março 2013      abril 2013      maio 2013      junho 2013      julho 2013      agosto 2013      setembro 2013      outubro 2013      novembro 2013      dezembro 2013      janeiro 2014      fevereiro 2014      março 2014      abril 2014      maio 2014      junho 2014      julho 2014      setembro 2014      outubro 2014      novembro 2014      dezembro 2014      janeiro 2015      fevereiro 2015      março 2015      abril 2015      maio 2015      junho 2015      julho 2015      agosto 2015      setembro 2015      outubro 2015      novembro 2015      dezembro 2015      janeiro 2016      fevereiro 2016      março 2016      abril 2016      junho 2016      julho 2016      agosto 2016      setembro 2016      outubro 2016      novembro 2016      dezembro 2016      janeiro 2017      fevereiro 2017      março 2017      maio 2017      setembro 2017      outubro 2017      dezembro 2017      abril 2018      maio 2018      outubro 2018      janeiro 2019      fevereiro 2019      julho 2020      agosto 2020      junho 2021      janeiro 2022      agosto 2022      março 2024     

 

Perfil de J. Soares Peliteiro
J. Soares Peliteiro's Facebook Profile

 


Directórios de Blogues:


Os mais lidos


Add to Google

 

 

Contactos e perfil do autor

 

 

Portugal
Portuguese flag

Blogues favoritos:


Machado JA

Sezures

Culinária daqui e d'ali

Gravidade intermédia

Do Portugal profundo

Abrupto

Mar Salgado

ALLCARE-management

Entre coutos e coutadas

Médico explica

Pharmacia de serviço

Farmácia Central

Blasfémias

31 da Armada

Câmara Corporativa

O insurgente

Forte Apache

Peopleware

ma-shamba



Ligações:

D. G. Saúde

Portal da Saúde

EMEA

O M S

F D A

C D C

Nature

Science

The Lancet

National library medicine US

A N F

Universidade de Coimbra


Farmacêuticos sem fronteiras

Farmacêuticos mundi


This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Creative Commons License
Licença Creative Commons.