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Impressões de um Boticário de Província
escrevo para mim, e ainda tenho a vantagem de não precisar de subsídios, pelo menos enquanto não se pagar no blogger, Psiquiatria, ramo esquizofrenia, nunca mais tive autoridade sobre os Cabos, hoje será o dia, pressinto em que nunca mais terei autoridade sobre os dedos, nem que venda a alma ao diabo, as guerras religiosas causam-me espanto, há vinte anos nunca adivinharia que pela religião se mata e se morre no século XXI, ainda me lembro da série Espaço 1999 e de 1999 ser um data distante, quando somos crianças, ou mesmo adolescentes, um homem de 40 anos é um velho, e se calhar é mesmo, as crianças não mentem, e quase sempre têm razão, a lição dos Cabos foi difícil de tomar mas tem-me servido de âncora, Jorge Mário não podemos ser humildes demais, disse-me muitas vezes o meu pai, mas os Cabos ensinaram-me que não devemos pensar que conseguimos correr até sempre, mais vale fazer planos mais rasteiros, muitas pessoas confundem o meu nome, uns chamam-me Mário outros Jorge mas poucos sabem que me chamo Jorge Mário, como Jorge Mário Pedro Vargas Vargas Llosa, ele é conhecido sem o Jorge e sem o Pedro, só em Coimbra me chamaram Mário, como Mário de Sá Carneiro, ainda hoje alguns me chamam, como o Feliz que tem Farmácia numa aldeia de Rio Maior e semeia cabaças para dar aos amigos, quando lá passamos a caminho de Lisboa, nesse aspecto sou um traidor, gosto mais de Lisboa do que do Porto, Lisboa é uma cidade bonita, tem um clima excelente, das pessoas já não gosto tanto, não se podem fazer generalizações sobre conjuntos de pessoas, nem sequer sobre uma pessoa só, ninguém é todo feio ou todo mau ou todo falso, mas aqui já não sou traidor, gosto mais dos Tripeiros do que dos Alfacinhas, o que fará as borboletas como a Agrotis puta a borboletar à volta da luz, será ânsia de vida, duplicar o tempo de vida, vivendo sempre de dia, no fundo mesmo os animais mais primitivos estão convencidos que conseguem ludibriar a mãe natureza, mas não conseguem, nem nós conseguimos, ela é que é dócil e indulgente e deixa-nos pensar que sim, que podemos mudar o curso à vida, numa insónia o fenómeno deve ser parecido, não queremos que o dia acabe assim, aquando ainda há tanto que podia ser feito, inconscientemente queremos, numa insónia, fazer mais do que nos é permitido pelas limitações da nossa natureza, nos e-mails de gente que me conhecem mal nota-se um certo desconforto em chamarem-me Jorge ou em me chamarem Mário, tanto me faz, estou habituado a que me troquem o nome, Peliteiro, já deu origem a todo o tipo de enganos, dantes adormecia sempre a ler, agora é mais difícil, Jorge Luís também me agrada, talvez consiga alguém a deixar-me ser padrinho de uma criança que se chame, ou a que chamarei, se me deixarem, Jorge Luís, como o Borges, que morreu cego, não tenho muitos afilhados, o meu padrinho, Mário é que tem, quase não há família lá na aldeia que não o tenha como padrinho, também gosto de ler na Missa, em casamentos e baptizados, deve ser difícil escrever um livro estando cego, gosto de fazer uma pose solene, mas os que me conhecem sabem que por dentro me estou a rir, não por desrespeito, nem sei explicar porque gosto de ler em baptizados e casamentos, o Luís de Camões escreveu os Lusíadas sem computador, deve ser mais difícil que um cego, hoje, ditar um livro, o Fernando Pessoa, com aquela figurinha desprezível não me faz acreditar que tenha sido ele a escrever poesia tão reconhecida e apreciada, por certo em que o etanol teria algum poder de atracção mediúnica, há pessoas que se gostam de ouvir, sente-se muito nos locutores de rádio e nos políticos, mas também nos taxistas ou até nas costureiras, há borboletas bonitas e há as feias, nem sempre quem fala melhor é quem consegue fazer melhor, depende, tudo depende.
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